Pompeia: a vida sexual na antiguidade
publicado em recortes por carolina carmini
Encoberta pelas cinzas vulcânicas do Vesúvio, a excitante vida (sexual) de Pompeia permaneceu preservada durante séculos. Longe dos olhares dos moralistas e dos conservadores, mantiveram-se obras e objetos que demonstram como o povo romano se relacionava com sua sexualidade. Estes achados fizeram com que durante muitos anos fez com os romanos fossem vistos como devassos. Mas a verdade é que eles compreendiam o sexo como algo natural e divino.
Em 24 de agosto de 79 d.C., a cidade de Pompéia foi varrida do mapa pela erupção do vulcão Vesúvio. A tragédia, que matou milhares de pessoas e enterrou a cidade em seis metros de cinza, também preservou – como uma cápsula do tempo – imagens intactas do império Romano. Os estudos sobre a história romana tendiam a encarar a sexualidade através de segundo uma visão tradicional e conservadora. Durante anos, algumas peças com imagens explícitas eram destruídas durante as escavações. Outras, preservadas por seus valores artísticos, foram escondidas a sete chaves nos acervos dos museus.
"Falam de ti os fofoqueiros, Quíone, que não tens fodido nunca, e não há boceta mais casta do que a tua. Só que, quando tomas banho, não cobres a parte do corpo que deverias cobrir. Se tens pudor, põe a calcinha no rosto." Marcial (40 d.C a 104 d. C. poeta epigramático).
Já nos murais dos prostíbulos, as imagens serviam de estímulo e de “cardápio” dos serviços oferecidos aos clientes. Em quartos simples com uma cama de pedra e um colchão em cima, os frequentadores encontravam à frente de suas cortinas as lobas – como eram chamadas as profissionais do sexo - com roupas diminutas e oferecendo, a quem pudesse pagar seu preço, uma noite repleta dos mais diversos prazeres.
Cenas de sexo anal são encontradas apenas nos prostíbulos e termas, ao contrário do sexo oral, que era mais aceito socialmente – pela alta estima que os romanos concediam à boca. Mas isso não implicava que o sexo anal fosse praticado naturalmente.
Falo na entrada de bordel com inscrição 'Hic habitat felicitas' (Felicidade Aqui ao vivo ou Aqui mora a boa sorte).
A homossexualidade era vista com naturalidade e exposta em diversos murais pelos prostíbulos. Relações entre homens mais velhos e jovens eram toleradas desde que os jovens não fossem romanos livres. Há testemunhos de relações sexuais entre mulheres, mesmo que ainda pouco estudadas – principalmente na literatura - que demonstram que sexo entre mulheres também era aceite.
"Entramos então e, levados por entre placas, avistamos um grande número de pessoas de ambos os sexos, tão animados a se divertir nos quartos, que todos, por todos os lados, me pareciam ter tomado satirião. Ao nos perceberam, tentaram nos aliciar com sua petulância de andróginos; um deles, de pau duro até a cintura, partiu para Ascilto, e, derrubando-se sobre um leito, tentou moer o trigo em cima dele." Satyricon - Petrônio (? - 66d.C, Roma).
Além dos murais, também foram encontradas diversas inscrições – grafites – nas paredes das ruas e prostíbulos. De declarações de amor, a afirmações de ciúmes, chegando à descrição de atos e preferências sexuais, ao alcance dos olhos de qualquer habitante que passasse em frente. Alguns exemplos presentes em Pompeia podem ser lidos abaixo:
"Por que, Taís, me acusas sempre de ser velho? Ninguém é velho, Taís pra uma chupada." Marcial (40 d.C a 104 d. C. poeta epigramático).
"A noite toda fiz amor com uma moça lasciva cujas habilidades sexuais nenhuma outra pode superar. Cansado, depois de mil posições, pedi-lhe que me deixasse fodê-la como a um moço. Nem bem terminava meu pedido, e ela já me concedia seus favores. Rindo e vermelho de vergonha, pedi-lhe algo mais indecente ainda. Ela, cheia de luxúria, disse que sim sem qualquer hesitação." Marcial (40 d.C a 104 d. C. poeta epigramático).
"Eu, Lidê, posso satisfazer três homens ao mesmo tempo. Um com a minha boca, outro com meu cu. Recebo o pederasta, o amante e o fantasioso. Ainda que tenhas pressa e venhas com dois amigos, não deixes de entrar."
"Festo fodeu aqui com seus camaradas" ou "Aqui fui comida" (escrito na parede de um prostíbulo).
É interessante perceber as similaridades e rupturas entre romanos antigos - ou egípcios e indianos antigos - e as sociedades atuais. Pertinente porque rompemos preconceitos em relação a outros povos e suas práticas sexuais, e percebemos "gostos" em comum. Mas também, olhar o passado nos leva a uma melancolia: o sexo hoje está muito mais ligado aos conceitos de pecado, enquanto no passado era um caminho para o divino. E no final esvaziamos o significado de algo que, ainda que muito carnal, possuía sua parcela celestial e poética.
carolinalucio
carolina carmini gosta de pensar que se não tivesse nascido, alguém a teria inventado. Saiba como fazer parte da obvious.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2013/07/pompeia_a_vida_sexual_na_antiguidade.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+OBVIOUS+%28obvious+magazine%29&utm_content=Yahoo%21+Mail#ixzz2YDeUfb8z
Nenhum comentário:
Postar um comentário