Quando uma ideologia perde os jovens, quem perde é a ideologia.
Luiz Afonso Alencastre Escosteguy
Coloquei a frase título no Twitter às 08:53hs de hoje, 27/12/2012. Foi retuitada inúmeras vezes. Não bastasse a preocupação que a frase expressa, a aceitação que ela teve me leva a crer que há uma percepção, no ar, de que estamos perdendo algo.
Estamos? Nós quem, cara pálida. A esquerda, oras. E seja lá o que isso quer dizer atualmente.
A frase me surgiu após a leitura desse texto do Alex Solnik “A vanguarda popular da direita sai do armário”, aqui.
Por mais que possam dizer que as expressões “direita” e “esquerda” não mais representem ideologias, mantemos hoje, no Brasil, claramente definidas as duas ideologias de sempre: ou nos movemos para criar uma sociedade inclusiva, em tudo que essa palavra possa representar, ou nos movemos em direção a uma sociedade exclusiva, e aqui no sentido privado da palavra: exclusiva para poucos.
A “esquerda” brasileira” nunca foi jovem. Via de regra, era associada ao comunismo ou ao socialismo nos moldes mais radicais. Alguns partidos, como o PTB, e mais tarde o PDT, amenizavam esse sentido. Sequer o MDB, de militância jovem durante a ditadura, conseguiu se manter jovem. Esfacelou-se e hoje, ideologicamente falando, é tão velho quanto era velho o comunismo.
Mas de que jovens falo? Primeiro, de uma ideologia jovem. Não uma ideologia herdada das sombras de um século XX tal como ele foi. De uma ideologia que propunha a guerra para combater a guerra. De uma ideologia de poder tão somente para derrubar o poder de uma ideologia.
Mesmo nascido com correntes as mais radicais dentro de si, o PT teve o mérito de trazer para o Brasil uma ideologia jovem. E essa foi a razão dos “segundos jovens” terem aderido. Era uma ideologia que lhes atingia naquilo que mais necessitavam: a possibilidade de participar de um país que pensava em sua sociedade de forma inclusiva. Correntes outras do PT souberam visualizar que radicalismos antigos não manteriam “corações e mentes” alinhados por muito tempo.
A ideologia, no entanto, “pragmatizou-se” ao assumir o poder de fato. Implantou o que os jovens (hoje já nem tanto) queriam. Mas perdeu-se a ideologia e, com ela, os jovens de hoje. Aí, quem sabe, a razão para a fácil atração que as antigas ideias de “direita” tenham sobre os jovens. Outra razão não há, por exemplo, para que jovens de 20 e poucos anos queiram fundar um quase que de extrema direita; para que jovens participem de grupos de direita, tais como os descritos no artigo do Alex Solnik.
Aquele jovem socialismo ficou velho e perde os jovens. E quando uma ideologia perde os jovens, quem perde é a ideologia.
(OPS)
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