domingo, 23 de junho de 2013
Mídia
Faltou jogo de cintura
Não dá para entender como profissionais experientes na TV se perdem em transmissões ao vivo quando saem da rotina e não sabem lidar com situações inesperadas ou, se quiserem, fora do script. A maioria não percebe que a graça de um flash ou transmissão ao vivo é exatamente o imprevisto, algum fato extra que aconteça para desafiar o jogo de cintura do profissional assim como sua capacidade de improvisar diante de algo surpreendente.
E foi exatamente isso que aconteceu com apresentador William Bonner, que na última sexta-feira estava em Brasília de onde ancorou o Jornal Nacional, por causa da abertura da Copa das Confederações. Bonner pisou na bola no quesito naturalidade, que é um dos mais importantes no bom jornalismo ao vivo.
Não há nada de pessoal na crítica, mas, primeiro de tudo, Bonner quando foi chamado pela sua colega Patrícia Poeta que ancorava o telejornal do estúdio no Rio, parecia mais um principiante. de tão inseguro na cobertura esportiva, tarefa aliás que sempre coube à sua mulher, Fátima Bernardes, quando ancorava o JN e era "arroz de festa" em todas as mais importantes coberturas ligadas ao esporte, especialmente ao futebol.
Agora, com Fátima fora do jornal, Bonner passou a ser o âncora dos principais eventos externos e parece que ele ainda precisa aprender muito nessa área. Cheio de trejeitos nervosos e piscando os olhos sem parar, ele quis parecer natural, mas acabou protagonizando gafes desnecessárias.
Numa das voltas do comercial, foi visível o susto de William que, pego de surpresa, empurrou alguém da produção que parecia querer ajudar o Galvão a colocar o microfone ou algo parecido, apareceu parcialmente em quadro na câmera ( Veja o vídeo )
Foi nesse momento que Bonner perdeu a chance de mostrar se era realmente bom no que faz. Em vez de simplesmente empurrar a pessoa, ele deveria ter deixado que ela aparecesse na tela mostrando naturalmente o que estava acontecendo, dirigindo-se ao público e justificando o imprevisto como algo natural que pode vir a acontecer em qualquer cobertura ao vivo.
Outra coisa que Bonner poderia ter evitado, foi cutucar as costas do locutor Galvão Bueno, para pedir que ele abreviasse seu comentário já que o tempo estava acabando e, provavelmente, em seu ouvido num ponto eletrônico o diretor deveria estar gritando: “Dá um jeito de fazer o Galvão parar de falar porque o tempo do Jornal já estourou"
Também nessa Bonner perdeu a chance de mostrar que era o dono da bola. Poderia ter aproveitado a tagarelice do Galvão e, brincado com ele, dizer algo simpático como : Ih, Galvão, infelizmente o tempo do jornal acabou e eu vou ter que encerrar nossa participação, mas amanhã quero ver você brilhando na transmissão de Brasil e Japão, tá certo?
Pronto, isso teria sido mais simpático e daria a Bonner o status de um profissional realmente experiente que sabe sair de situações inesperadas com naturalidade mostrando que ele está pronto para o que der e vier e com a maior categoria. Mas não foi isso o que se viu na telinha da TV.
Evidentemente, essa é uma opinião minha, mas me considero apta a palpitar sobre o assunto, pois em quase toda a minha carreira de repórter fiz transmissões diárias ao vivo e foi nas ruas com todos os percalços, perigos e surpresas que aprendi a me comportar diante de uma câmera ao vivo.
Talvez esteja faltando esse tipo de experiência a Bonner, acostumado ao script inflexível do JN. Afinal humildade, profissionalismo e canja de galinha não fazem mal a ninguém, não é mesmo?
Leila Cordeiro
(Direto da Redação)
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