Pequena homenagem ao grande Gershwin
em musica por Camila Lobo em 04 de abr de 2013 às 20:31
George Gershwin compôs a mais importante ópera americana do século XX, influenciou geracoes de músicos do Rock à Bossa Nova e foi entrando sorrateiramente na minha vida.
George Gershwin apareceu na minha vida cedo, bem antes do que eu pudesse realmente apreciá-lo. Era queridinho do playlist da minha mãe e nem se ao longo da vida ele nunca tivesse caído no meu gosto musical, ele já tinha me ganhado por poder até hoje, evocar lembranças boas de jantares em família na minha infância.
Ao contrario de mim, o interesse e talento de Gershwin pela musica eram aguçados desde pequeno. Nascido em Nova Iorque em 28 de setembro de 1898 em uma família judia originaria da Russia (originalmente de sobrenome Gershowitz), o pequeno prodígio se interessou pelo violino e piano com apenas 10 anos. Aos 15 já ganhava dinheiro como músico, compondo para o musical “A vida é uma canção” (Tin Pan Alley é o titulo original em inglês).
Como bom gênio musical, antes dos 20 já havia composto seu primeiro hit, o “Rialto Ripples’, fazendo uso de um estilo musical inovador da época nos EUA, o Ragtime, uma espécie de precursor mais “vibrante” do Swing. A partir daí, ele passa a compor centenas de musicas dirigidas sobre tudo para o piano.
George (que me perdoem a intimidade, mas como já disse a nossa história é antiga...) só foi reentrar na minha vida quando eu já tinha 26 anos, mesma idade que ele tinha quando compôs Rhapsody in Blue, uma obra mestra para orquestra e piano que até hoje é uma de suas mais populares. “Rhapsody ...” ressurgiu no meu repertório musical nada menos que através da triunfante abertura do Manhattan, filme do Woody Allen de 1979.
Filmado em preto e branco para ressaltar a beleza estonteante de Nova Iorque, cidade pelo qual o cineasta é apaixonado, o filme tem a trilha sonora completa do Gershwin, sendo “Rhapsody in Blue” a grande inspiração de Woody Allen para dirigir o projeto. E não restam dúvidas de que a trilha dialoga com perfeição com as magníficas cenas da cidade, intercalando o protagonismo ora do visual, ora do sonoro – uma declaração definitiva do amor de Allen pela cidade.
A impressionante abertura de Manhattan, com a música "Rhapsody in Blue"
Meses depois, selou-se finalmente esse romance que ensaiava com George havia tanto tempo. Reencontramos-nos por acaso em um concerto numa cidadezinha inóspita no norte da Alemanha. As composições eram de “Porgy and Bess”, musical da Brodway, inaugurado em 1935 cuja trilha foi considerada “a mais importante ópera americana do século XX”. A mescla entre o estilo clássico de musicais americanos da primeira metade do século XX com uma pegada, como define o próprio Gershwin, mais “folk”, é simplesmente deliciosa e o resultado e uma musica envolvente, visual e quase palpável. Impossível não me entregar de vez ao George.
"Summertime", canção do musical "Porgy and Bess"
George Gershwin faleceu com apenas 38 anos em decorrência de um tumor cerebral enquanto trabalhava para um musical de Holywood. Foi uma vida curta, mas marcante. Sua música influenciou gerações e foi regravada por grandes nomes do Jazz, Rock, Dub e até Bossa Nova.
Fica aqui minha homenagem à minha mãe por trazer à minha vida este grande compositor, que é capaz de me fazer voltar à infância num simples toque do play.
camilalobo
Artigo da autoria de Camila Lobo.
Gosta de andar por aí tentando encaixar o mundo de um jeito diferente, invertendo perspectivas, misturando tudo e aprendendo, aprendendo....
Saiba como fazer parte da obvious.
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