quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Lixo
O consumo do lixo, ou o lixo do consumo?
publicado por Leonardo Barden
Em épocas de festividades exacerbadas, a humanidade auto injeta frenéticas doses de consumo para quem sabe conseguir manter afastada de si a simplicidade de uma vida amena. O que sobra deste processo nauseante, são os resquícios de uma civilização desprovida de sensibilidade que conta as horas para a chegada de um feliz e admirável ano novo.
Um dos resultados do consumismo desenfreado é a geração excessiva de resíduos descartáveis, em outras palavras, o LIXO, que pode ser de origem gasosa, sólida ou líquida. Depositados em terrenos destinados a recebê-los ou simplesmente largados na rua, causam enorme impacto à natureza.
É o que vem ocorrendo nos Oceanos, com as Ilhas de Plástico que aumentam a cada dia. Por ser tão barato, popular e descartável, o plástico torna-se o elemento mais volumoso em nossa rotina cotidiana, e consequentemente também em ruas, aterros, lixões, rios e oceanos.
A tão sonhada “comodidade” da vida moderna vende a ilusão de quão gratificante é viver no mundo hoje. A vida mais fácil trasformou-se na dádiva existencial. Sacos, sacolas, garrafas, caixas e embalagens, tudo é lixo descartável. A conveniência estimula o consumo impulsivo: imagine-se você entrando em supermercado para comprar uma escova de dente, por exemplo, e passando em frente a prateleira de refrigerante sente vontade de beber agua açucarada e gaseificada, você segue até aquele imenso painel colorido onde ficam expostas as latas e garrafas plásticas, apanha aquele de sua preferência, vai ao caixa paga e sai bebendo, depois disso, com altas doses de açúcar na corrente sanguínea, a embalagem é descartada; que tamanha praticidade não é mesmo, agora imaginemos, se em vez de lata, esse líquido aditivado e colorido fosse vendido em embalagens retornáveis, vidro por exemplo, você teria que ter junto a embalagem retornável para poder fazer a compra, ou pagar mais caro para levá-lo consigo, e consequentemente não iria descartá-lo por que da próxima vez ele seria reutilizado e assim sucessivamente, porém muitos tem seus motivos para divergir desta tese, dizendo que seria um retrocesso, uma regressão, até mesmo falta de liberdade de escolha, mas agora vamos inverter a relação desta cadeia consumista, em vez disso, as empresas teriam que arcar com o custo ambiental - que aliás não existe no cenário capitalista contemporâneo - os fabricantes seriam obrigados a recolher todo o material descartado oriundo deste processo de fabricação e consumo. Será que a tese do retrocesso seria mantida?
Infelizmente estas ideias parecem ser utópicas, mas servem para demonstrar o quanto a máquina consumista exerce influência sobre o comportamento de compra e estilo de vida de seus integrantes. E tudo isso acontecendo dentro de um planeta finito, de recusrsos finitos, onde o lixo cresce de maneira proporcional a uma população colossal, e consequentemente vai se tornando parte das paisagens e dos ecossistemas.
Aliado a esse fator existe ainda a precariedade de políticas públicas de descarte de resíduos, o descaso dos regentes sistêmicos, e além sisso existe ainda a influência das grandes corporações envolvidas no processo ganacioso do consumo exacerbado. Tem também o problema de base educacional de uma população que sofre amnésia crítica, sendo assim, vamos convivendo com as consequências desse lamentável cenário, causando danos irreparáveis ao planeta, à fauna animal e consequentemente a nós mesmos.
Sendo assim, milhões de toneladas de resíduos plásticos boiam pelos oceanos da Terra, e em alguns lugares formam amontoados colossais de lixo, como a Ilha de Plástico do Pacífico, situada entre a costa da Califórnia a meio caminho do Japão, com uma área maior do que o tamanho dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo juntos, e a Ilha de Plástico do Atlântico Norte, mais recentemente descoberta, localizada numa área de convergência próxima ao Estado norte americano da Geórgia.
Grande quantidade desta matéria plástica acaba de certa forma voltando ao ser humano através dos peixes - daqueles que conseguem sobreviver - os quais ingerem minúsculos detritos oriundos da decomposição do plástico. Isso significa, que, em outras palavras, quem se alimenta de peixe também corre o risco de estar comendo plástico e todas suas toxinas, que podem trazer efeitos nocivos ao organismo.
Esse infortúnio representa o ciclo vicioso que molda a rotina "humanóica" de seres que se julgam racionais e sociais, nutrindo a necessidade consumista para aumentar e gerar riqueza para uma minoria, e mais emprego alienante para trazer renda econômica a uma maioria que consequentemente irá revertê-la em consumo novamente. E o ciclo econômico, em meio ao consumo e ao lixo, segue sua deteriorante trajetória.
Mudar este atual paradigma, dependerá da emersão de uma consciência coletiva sobre a compreensão das conexões da vida, um rompimento com certas práticas inquestionáveis até então. Avançamos rumo a uma nova era, onde teremos que fortificar nossa bagagem de conhecimento, ter paciência para perceber e ter domínio sobre desejos e vontades.
Portanto eis um antigo ditado oriental para reflexão: “O seu lixo sempre volta à sua porta, cabe a você escolher a cara dele!”
Leonardo Barden
Apesar de tudo, e mesmo assim, afastando-se sorrateiramente da normalidade rumo aos antípodas da mente. .
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