sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Cuba


    A cegueira da direita em relação aos cubanos

    

    Incrível, tão logo o governo brasileiro anunciou a vinda de 4 mil médicos cubanos para suprir carências no atendimento médico em vários municípios brasileiros, irromperam protestos dos mais variados setores, de um modo geral movidos por argumentos que beiram o ridículo. Houve até o absurdo de “alertar” que os cubanos iriam “fazer a cabeça” das populações do interior do país e das periferias das grandes cidades.

    Como se não bastasse, a bateria contra a presença dos médicos cubanos deteve-se ultimamente na questão dos salários, isso para não falar das críticas do Conselho Federal de Medicina acusando o acordo com o Estado cubano de “trabalho escravo”, argumento repetido por alguns colunistas de sempre.

    Os integrantes do Conselho revelaram com isso total desconhecimento do que venha a ser escravidão. Pela primeira vez se tem notícia da aplicação desse conceito a quem vai exercer o trabalho de forma voluntária e não compulsória. Há um total desconhecimento de relações de trabalho em Cuba, totalmente distinto do que acontece nos países capitalistas, onde o que rege são as leis de mercado.

    Mas antes de se criticar a presença de médicos estrangeiros, sejam cubanos ou de qualquer outra nacionalidade, é fundamental que se ouça as populações de cerca de 700 municípios onde não há médicos. Perguntem, por exemplo, no Estado de Tocantins, onde há anos estiveram clinicando médicos cubanos convocados em um dos mandatos do então governador Siqueira Campos.

    Se há carência, seja por qual motivo for, urge sanar a deficiência. Esta história de falta de equipamentos para o atendimento médico é relativo, como testemunham alguns médicos, entre os quais Cid Nelson Hastenreiter. O atendimento do médico de família em um primeiro momento faz o diagnóstico, que não necessita de uma tecnologia sofisticada.

    Quando o governo anunciou a execução do programa Mais Médicos, os conselhos de medicina e mesmo entidades sindicais fizeram duras críticas, o que não foi acompanhado por entidades internacionais abalizadas e fora de qualquer suspeita, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), esta, por sinal, responsável pela intermediação do acordo entre o Brasil e Cuba para a vinda dos médicos da ilha caribenha. O elogio ao programa por parte das duas organizações não foi praticamente divulgado pela mídia de mercado, que geralmente tem dado amplos espaços aos críticos do programa.

    O que a OPAS fez repete a ação de intermediação em outros países da região. O raio de ação dos 40 mil médicos cubanos no exterior não abrange apenas o continente americano e se estende a África, Ásia, Oceânia e Europa. Eles atuam em 58 países, entre os quais Qatar, Argélia, passando por Portugal, México e agora o Brasil. Ou seja, médicos cubanos estão presentes em distintos rincões do planeta onde, graças a eles, muita gente tem acesso pela primeira vez ao atendimento médico. E isso para não falar que Cuba montou Faculdades de Medicina na África, (Eritreia, Gambia e Guiné Equatorial), com cursos ministrados por professores da ilha caribenha.

    Colocar em dúvida a eficácia dos médicos cubanos é antes de tudo remeter a questão para o plano ideológico. Em outras palavras, os críticos ao regime vigente na ilha caribenha preferem não aceitar a realidade de que os médicos cubanos têm demonstrado eficiência no atendimento a populações em várias partes do mundo. Outro exemplo, três mil crianças afetadas pela tragédia da Usina nuclear de Chernobyl foram se tratar em Cuba.

    A cegueira ideológica leva a análises totalmente fora da realidade, o que é lamentável, porque fica em segundo plano o atendimento médico propriamente dito, prevalecendo apenas o ódio ao regime socialsta.

    Para acalmar os ânimos de alguns incautos que aceitam esses argumentos ideológicos que se chocam com a realidade, é bom também lembrar alguns fatos. Toda a vez que há um desastre natural em qualquer parte do mundo, independente dos regimes dos países onde isso ocorra, o Estado cubano oferece os médicos para dar assistência aos necessitados. Foi assim no terremoto do México em 1985, no Peru, em período em que estava em vigor uma ditadura militar, e mais recentemente no Haiti, onde, por sinal, os médicos já estavam presentes antes mesmo da tragédia que resultou em centenas de milhares de mortos.

    Nos Estados Unidos, na era George W. Bush, quando da passagem do furacão Katrina em Nova Orleans, o Estado cubano ofereceu ajuda médica, que foi prontamente rechaçada pelo Presidente, muito criticado por não oferecer a assistência inicial necessária à população pobre da região. Se fosse aceita, os médicos chegariam aos locais do desastre natural em menos de três horas.

    Por estas e muitas outras, recomenda-se aos críticos do regime cubano a aceitarem a realidade reconhecida internacionalmente por organismos técnicos sobre a medicina do país socialista. Troquem a ideologia pelo espírito humanitário e pensem antes de tudo no atendimento das populações desprovidas de atendimento médico.

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