segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Minha Bellzinha

Ter , 13/11/2012 às 08:00 | Atualizado em: 13/11/2012 às 07:56 "Fazer teatro em Salvador é complicado", diz atriz baiana Murilo Melo Tags: Bio Entrevista Mabelle Magalhães Muito [Recomendar] comentários (2) -A A+ Mila Cordeiro | Ag. A TARDE "Ninguém acreditava em mim. Eu ficava no canto, sobrando" - Mabelle Magalhães Logo nos primeiros minutos de conversa com a atriz Mabelle Magalhães, 28 anos, dá para perceber que ela não se dedicaria a outra coisa na vida a não ser às artes cênicas. Durante a entrevista, a moça caminha, faz caras e bocas, usa expressões corporais e varia o tom da voz para demonstrar que está certa em fazer o que sempre quis. Não demora muito e a artista, atuante no teatro baiano, dispara: "Sempre quis ser atriz, vem desde os seis anos. Percebi isso quando eu fui assistir a uma peça do Pinóquio, no antigo Teatro Maria Betânia. Nesse momento eu pensei: 'Poxa, eu quero fazer parte disso, só disso'. E fui atrás. Lembro que falava sozinha pela casa, inventava personagens usando as roupas da minha mãe, me olhava no espelho e conversava comigo intepretando vozes", lembra. Três anos depois de assistir a peça do Pinóquio, a vida de Mabelle se transformou. Nesse período, a primeira vez que foi aplaudida em cena aberta, foi vestida de melancia, em uma agremiação religiosa em um orfanato. A atriz ainda lembra que sofria bullying no colégio, mas rompeu a brincadeira sem graça dos colegas ao criar uma cena para um trabalho da disciplina de português. "Ninguém acreditava em mim. Eu ficava no canto, sobrando. Mas eu gostava de me destacar nas artes, de chamar atenção mesmo, então eu preparei uma boa apresentação. Naquele momento, eu virei a atriz do colégio", conta, ao mesmo tempo em que ergue a cabeça em sinal de superação. Mabelle é uma dessas atrizes que não para de emendar um trabalho no outro. Atuou nas peças Vassoura Atrás da Porta, O Quarto Número Nada, Cipriano, 1x1, entre outras. Além de O Segredo de Abal e Instinto, ambos curtas-metragens produzidos também em Salvador. Trabalhou com alguns diretores como Ramon Reverendo, Arildo Deda e Tássio Ferreira e diz se inspirar na atriz e professora baiana Iami Rebouças porque "ela é um monstro em cena, além de ser humilde como pessoa". O salto na carreira foi em 2008, quando arrumou as malas e foi para Portugal, onde passou um ano na Companhia de Teatro de Braga. Lá na Europa, a moça chegava a ensaiar oito horas por dia, apresentou a tragédia grega As Bacantes, de Eurípedes e O Preconceito vencido, de Marivoux. Mas, por conta de um problema de saúde da mãe, precisou retornar ao Brasil. Atualmente, se prepara para voltar aos palcos em dezembro, pela segunda vez com a personagem Célia, no espetáculo dramático Abajur Lilás, montagem adaptada à linguagem baiana, do texto original de Plínio Marcos (1969). Célia é uma das três prostitutas que vivem sob o jugo de um cafetão em um bordel. Cansada de tanta exploração, a personagem traça um plano para se livrar do cafetão e ficar com o imóvel onde trabalha, além de arrebatar todo o dinheiro do seu programa. "A gente (a Companhia Hedônicos) ensaia todos os dias na laje, na casa do diretor", relata. Questionada sobre porque não ensaia em um espaço apropriado, a atriz não hesita em falar: "Não temos espaço, fazer teatro em Salvador é bem complicado. A cidade investe mais em pagode do que qualquer outra coisa" Mas as dificuldades relatadas por Mabelle vão além do espaço. Segundo ela, os atores baianos passam por diversos problemas, principalmente financeiros. E que, por um longo perído, se preocupou muito com a falta de dinheiro, já que quis se dedicar à profissão. "Uma pauta (aluguel do teatro) custa no mínimo R$300 ao dia. É complicado porque, às vezes, nem seus melhores amigos aparecem para te assitir, e a bilheteria não cobre nem esse valor, entende? Poucos lugares como o Teatro Gamboa, XVIII e Casa dos Bancários abrem as portas para o ator independente. Mas eu acredito que o ator baiano tem que correr atrás, tem que ser dono do seu trabalho, tem que criar seus projetos. Acabar com a fantasia de 'eu vou ser descoberto'. Não, você tem que ir atrás mesmo". Para pagar as contas, a atriz trabalha com ações de rua, eventos como mestre de cerimônias e festas infantis. Mas pensa em mudar de vida. "Quero me firmar, ter meu próprio dinheiro para fazer meus próprios espetáculos. Quero seguir minha carreira de atriz até no cinema". (A Tarde)

Nenhum comentário:

Postar um comentário