terça-feira, 16 de outubro de 2012

Romance

Sabor de Mar (44) O tempo que agora preocupava Maria Eduarda era o que poderia obter na Maratona. Tudo indicava que ela levaria entre três horas e meia a quatro horas para cobrir o percurso, resultado excelente para quem nunca fizera esporte com seriedade. - E por que você resolveu ser atleta agora? - perguntou Reginaldo, que pela primeira vez aparecia por ali. - Quem disse que sou atleta? - A Ivette, sua amiga. Ela está com medo de chegar atrás de você. Foi o que me falou aquele cara que está sempre com ela, o Fernando Azeredo. - O Fernando está fazendo guerra de nervos, porque na verdade ele tem uma outra candidata. É a mulher dele, que também vai correr, e é mais moça do que a gente. - Bem, eu não entendo de corrida nem de idade, mas uma coisa eu garanto: a mais bonita de todas é você. - Alguém já lhe disse antes que você é um tremendo vaselina? Riram juntos. E juntos foram dar um mergulho. Reginaldo Bastos estava no Brasil, entre um posto e outro, e sempre que podia viajava de Brasília para o Rio de Janeiro. Seu próximo deslocamento seria para Londres, em 1981, como cônsul-geral. Agora parecia ter adquirido um maior interesse por coisas do esporte. No sábado seguinte, já no início de novembro, ele apareceu no Leme para, como informou, servir de “segundo” a Maria Eduarda. Estava de carro, onde colocara garrafas d’água em um compartimento de isopor, tinha toalhas, band-aids, pomadas, talcos e os chamados “líquidos de reposição”, para restaurar as energias daquela que já proclamava sua corredora favorita. No dia da prova, estaria lá para torcer. E não foi o único que apareceu afinal no sábado posterior, na grande ocasião. Até Aluízio e Elvira tinham vindo de Volta Redonda, comboiando Rodrigo e Verinha. O dia da Maratona foi minuciosamente planejado por Maria Eduarda. A largada seria às cinco da tarde, no Leme, o que lhe convinha, pois ela estava mesmo de folga no sábado e no domingo. Acordou o mais tarde que pôde, tomou um café da manhã simples e foi para o Paissandu. A refeição principal do dia seria à uma da tarde, quatro horas antes da largada, e ela queria estar com um bom apetite. No Paissandu, ficou o maior tempo possível na horizontal: ou deitada em uma espreguiçadeira, à sombra (ouvira dizer que o banho de sol deixa as pessoas cansadas), ou boiando dentro d’água, relaxando os músculos. NOTA DO EDITOR: Uma vez por mês, José Inácio Werneck publica um trecho de seu livro Sabor de Mar (Direto da Redação)

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