quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Periferia
Periferia: tão longe, tão perto
Posted in: Arte e Literatura, Cultura, Destaques
Por: Antonio Eleílson Leite - 28/08/2012.
Ponte é metáfora de encontro e separação. Mostra “Estéticas das Periferias” quer a travessia. Só arte pode ser tão subversiva
Por Antonio Eleilson Leite*
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MAIS: Confira aqui a cobertura compartilhada da mostra, articulado por Outras Palavras e Ação Educativa
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A Cidade de São Paulo segrega a periferia socialmente, economicamente, esteticamente.
Em São Paulo, a força da grana destrói muito mais do que ergue coisas belas, mano Caetano.
Por mais que o povo não queira, a cidade muitas vezes dá razão a Criolo: “Não existe amor em SP”.
“A periferia nos une pela cor, pela dor e pelo amor”, conclama o poeta Sérgio Vaz, no seu Manifesto da Antropofagia Periférica.
Apesar das 34 pontes existentes sobre os rios Tietê e Pinheiros , os lados da cidade não se comunicam, justificando o nome da via que corre paralela aos seus leitos: Marginal.
“A vida é diferente da ponte pra cá”, diz os Racionais MC’s.
“Nóis é ponte e atravessa qualquer rio”, desafia o poeta Marco Pezão.
A ponte é ao mesmo tempo metáfora do encontro e da separação. A mostra Estéticas das Periferias quer a travessia, de lá para cá, de cá para lá; depende de onde se está.
Buscaremos o fluxo, o encontro, o diálogo. Queremos explorar conexões e conflitos, armar tramas urbanas. Artistas do Centro e da Periferia: Uni-vos!
Reiteramos o Manifesto Oswaldiano: “A alegria é a prova dos nove”.
Oswald pregava em seu manifesto antroprofágico: “é preciso partir de uma profundo ateísmo para se chegar à ideia de Deus”. Entendemos que é preciso um profundo sentido periférico para se chegar a uma ideia de Centro.
Sem a Periferia não existe o Centro.
Pretendemos deslocar o Centro para a Periferia e a Periferia para o Centro. Inverter a lógica urbana desagregadora. Questionar esteriótipos. Judas perderá as botas nos bairros nobres. Os Jardins terão uma nova trilogia: Jardim Irene, Jardim Miriam, Jardim Angela.
Assim como as três vilas: Mariana, Olímpia e Madalena cederão lugar para Vila Albertina, Vila Brasilândia e Vila Zilda.
Só a arte é capaz dessa subversão. ”No universo da cultura, o centro está em toda parte” ensinou o jurista Miguel Reale, em frase lapidar que está imortalizada na Praça do Relógio do Campus da USP no Butantã, do outro lado da ponte da Cidade Universitária.
A Mostra Estéticas da Periferia revelará que o circuito das artes da cidade de São Paulo vai muito além do que sugerem os guias culturais da “grande” imprensa, para os quais a cena cultural se restringe a pouco mais de vinte, dos 96 distritos da Capital.
A arte estará em toda parte, principalmente na Periferia, onde o agito cultural é permanente, nas ruas, bares, galpões, praças, sacolões.
* Antonio Eleilson Leite edita Estéticas das Periferias. Para ler edições anteriores da coluna, clique aqui. (fazer menção também ao Diplô)
(Outras Palavras)
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