quarta-feira, 4 de julho de 2012
Dinossauros
Dinossauros podem ter sido animais de sangue quente
Novo estudo analisa linhas de paragem de crescimento dos actuais mamíferos ungulados
2012-06-28
"Os tecidos dos ossos de dinossauro são indistinguíveis dos tecidos dos actuais ruminantes endotérmicos", dizem os investigadores
Há várias décadas que os paleontólogos discutem se a fisiologia dos dinossauros (não voadores) eram semelhantes aos actuais répteis de sangue frio ou aos mamíferos de sangue quente. A análise de estruturas dos ossos parecidas aos anéis de crescimento das árvores em dinossauros fez com que predominasse a hipótese de que estes animais eram répteis de sangue frio (ectotérmicos). Necessitavam, assim, de energia do exterior para realizar as suas funções vitais da mesma forma que os lagartos e as cobras actuais necessitam do calor do Sol para viver.
Investigadores da Universidade Autónoma de Barcelona descobriram novas pistas que podem ajudar a desvendar o mistério e que contrariam os estudos dos últimos anos.
Os investigadores estudam esses anéis de crescimento, estruturas chamadas de linhas de paragem de crescimento (LAGs), que se produzem quando o crescimento do animal se detêm ou abranda devido a condições ambientais desfavoráveis, como o inverno ou estações secas, ou seja, quando os recursos são mais escassos.
Esses anéis são encontrados tanto em fósseis de dinossauros como em crocodilos ou lagartos, animais cuja temperatura corporal é regulada por factores externos, mas que não é muitas vezes observada nos ossos dos animais endotérmicos, como os mamíferos que mantêm uma constante temperatura corporal elevada.
Corte de um osso de um cervídeo
Corte de um osso de um cervídeo
No novo estudo agora publicado na «Nature», a paleontóloga Meike Köhler, da Universidade Autónoma de Barcelona, revela que as LAGs estão presentes em ruminantes que habitam tanto os trópicos como os pólos, facto que altera o debate sobre a fisiologia dos dinossauros. Apesar dos LAGs terem sido já encontrados em mamíferos, este é o mais completo estudo destas estruturas em mamíferos modernos numa grande variedade de latitudes.
Os mamíferos ungulados, de uma maneira geral herbívoros, retardam o seu crescimento quando confrontados com condições adversas. Esta será “a melhor maneira de lidar com um período frio ou seco, para não haver desperdício de energia”, acredita Köhler.
Como este abrandamento produz as LAGs mesmo em organismo endotérmicos, estas não podem ser usadas como argumento para justificar que os dinossauros seriam ectotérmicos. Além disso, o tipo de tecido ósseo que se encontra entre os anéis dos dinossauros indica que estes cresceram rapidamente e que sustentavam altas taxas metabólicas.
“Os tecidos dos ossos de dinossauro são indistinguíveis dos tecidos dos actuais ruminantes endotérmicos, o que pode querer dizer que os dinossauros também o eram”, acreditam os cientistas.
(Ciência hoje)
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