sexta-feira, 8 de junho de 2012

Horóscopo

Apóllo Nátali – Alguma arte: Quem ama e pensa, não ama, pensa (observações sobre o horóscopo) Por Apóllo Nátali(*) Sucede que, desde que pela primeira vez senti cheiro de mulher, em inacreditáveis verdes anos, venho empregando um procedimento científico para ver como são as mulheres de tal ou qual signo, em relação ao meu. Sempre fiz questão de combinar com elas. Bem mais para a frente, acabei conlcuindo que, quem ama e pensa, não ama, pensa. O procedimento científico que usei é a perseverante observação, complementada pela comparação, indução e dedução. Ridículo. Homem de sucesso com as mulheres é aquele alto, bonito, cantante, voz grave, quente e magnética, belo exemplar da evolução das espécies, de Charles Darwin. Então, antes de começar namoro, eu perguntava o signo. Meu bondoso e paciente pai me disse que ele poderia ficar pirado um dia, neste mundo qualquer um está sujeito, mas não seria fazendo essa pesquisa, desde os verdes anos até os maduros, semana após semana. Pior era um amigo meu, da Mooca, verdade, que contava piadas e quando a eleita do seu coração abria a boca para rir, se exibisse um início de cárie no mais longínquo molar, o namoro não engatilhava. Curioso, nas minhas observações, via uma mulher de tal ou qual signo, virtuosa, e uma outra, do mesmo signo, nem tanto. Via um colega sacerdote de um signo e outro, do mesmo signo, com problemas com a polícia. Um violento de um signo e outro um carneirinho do mesmo signo. Alguns com muita sorte de um signo e outros do mesmo signo, nem tanto. Conclusão científica: o signo não tem nada a ver com o caráter. Minhas observações mostram que o signo não pode determinar o caráter de alguém. As deduções: o destruidor de vidas Hitler era de Áries. O mundialmente querido Charles Chaplin, um dos maiores críticos do próprio Hitler, também era de Áries. Este que vos toma o tempo escrevendo estas mal traçadas linhas, igualmente é de Áries. Choro até em inauguração de posto de gasolina. Dizer que por ter tal ou qual signo alguém é bondoso ou mau, líder ou liderado, honesto ou desonesto, que pode viajar de avião ou não pode, que deve ser prudente ao volante, que está sujeito a gripe, que vai receber uma carta, que tem de ficar calmo, resistir às tentações e que terá negócios fáceis com Júpiter na triangulação, mas precisa cuidar da alimentação, é dose. Tomada de cena: sorrisinho crítico de quem ouve falar nessas coisas. No entanto, cheguei a uma conclusão muito séria. Trata-se mais de uma percepção e isso não se explica cientificamente. Tenho a minha percepção e você tem a sua. Lembrem-se que o próprio Descartes racionalizou a civilização a partir de uma intuição. Vejam bem: somos influenciados por tudo o que nos cerca, palavras, atitudes, o berro no ouvido, a bela natureza, a cruel força bruta, o céu bordado de estrelas, a água transparente do mar, o furacão, o regato, que desce cambaleando das matas como louco, qual bêbado deixando o bar de madrugada. Quando faz Sol, temos um humor. Quando não faz, outro. Quando é Lua cheia, um. Quando ,não, outro. Vivemos ou não hipnotizados por tudo o que nos cerca? Nosso humor não estaria condicionado a essas forças, esses enormes globos flutuando no cosmo, girando, afastando-se, aproximando-se? Não estaria o nosso humor influenciado pela criação ao nosso redor? Então. As almas que nascem sob determinadas influências, em tal ou qual momento, com tal e qual Lua, com tal e qual planeta, não seriam, talvez, possuidoras de tal ou qual fluído, uma energia, uma “atmosfera” (achei!) que pode ou não combinar com as das outras pessoas? É complicado? As “atmosferas” se entrechocariam ou se afinariam, dando bom casamento ou não, boas amizades ou não, relações comerciais ricas, ou não. Mas daí a dizer, como ouvi de um amigo, que por ser de tal signo tinha direito a sete mulheres é o fim do mundo, embora um belo fim do mundo. O astrólogo Omar Cardoso dissera que no mundo existe uma proporção de sete mulheres para cada homem, e disso não se pode reclamar. Então, minha pesquisa maluca revela que, se uma pessoa pôs tanta amargura em teu pobre coração, estimado leitor, ou leitora, sejam qual forem os seus signos, as suas “atmosferas” não se casaram. O certo, então, seria cada um procurar a sua “atmosfera” gêmea, ou trigêmea, sem precisar ficar pirado. Quanto ao meu signo, nas minhas observações de anos, constatei que numa coisa os horoscopeiros têm razão: eles dizem que Áries combina com Aquário, Sagitário e Leão. Desses três, para mim, tem sido melhor Leão. Com mulher de Leão, eu sou mais eu, embora já tenha combinado, e bem, com Aquário, Áries, Gêmeos, Capricórnio, Câncer, Libra, Touro, todos eles, e como combino bem com a doce mulher de Touro! Estas questões não devem preocupá-los, amáveis leitores e leitoras, sejam vocês de tal ou qual signo. Com a Lua minguante em sextil a Júpiter e Saturno, nada a temer. *Apollo Natali é jornalista, formado aos 71 anos, depois de 4 décadas atuando na imprensa. É colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Desabafos de um ancião”. inShare

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