Alguma arte: A porta aberta (prosa-poética natalina)25/12/2011 Posted by Ana Helena Tavares - QTMD? under -, Poesia, Prosa, Sociedade Nenhum Comentário
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É noite de Natal. E a porta do vizinho está aberta.
Entrar? Desejar-lhe bons votos? Ficar no desejo?
Ah, tem a internet. Já desejei mil alegrias a milhares.
Alegrias? Mas sorri pra eles? Vi seus sorrisos?
A porta aberta e o coração inseguro. Pra que serve minha mão?
Pra bater em teclas ou pra apertar outras mãos?
Fogos lá fora. Ah, tem vídeo. Mas e o olhar?
O olhar brilhando ao se erguer pro céu? Não se compara.
Pára. É noite de reflexão. Um ano passou e pra que serviu?
Pra bater cabeça ou pra melhorá-la?
A porta aberta. A criança ranzinza. Ganhou presente e não gostou.
E quem não ganhou? O que sobrou?
Chorou. Aquele que não tem porta. Nem pra abrir nem pra fechar.
E pra amar? Nem porta separa.
E quem te ampara? O bom velhinho ou o nazareno?
O presente ou ausente? Ah, que ladainha…
A campainha! Mas a porta tá aberta. Pra que tocar? Vou entrar!
E se ele não gostar? Ele, o dono.
Ih, fiquei com sono. Mas tem missa. Já deu preguiça.
Não vou nunca, por que ir hoje? Não faz sentido.
O meu vestido. Aquele bonito. Vou usar. Mas por que só hoje?
Os outros dias não o merecem? O sol também nasceu.
A porta aberta. Entrar hoje e virar a cara amanhã.
Não parece boa atitude. E sem virtude.
Fiz o que pude. Felicitei a todos. E como curtiram!
Mas não me viram. É o novo mundo. Bem moribundo.
Mas nascerá outro. Paz, união, essas coisas bonitas?
Sim, as luzes piscam. Mas há algo por trás delas.
Novas janelas. É a promessa de todo o Natal.
Mas não era comida? Peru, rabanadas, bacalhau…
Isso é normal. Mas a porta fechou. E ninguém entrou.
Não tem problema. O futuro se faz agora.
É essa a hora. Vou abrir a porta.
Aberta não tinha graça. Feliz Natal, vizinho.
Vamos confraternizar nossas famílias. Ainda há vinho.
24 de Dezembro de 2011,
Ana Helena Tavares
(QTMD)
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