quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lula

Lula: uma aula de como enfrentar o câncer e uma oposição cancerosa
novembro 1st, 2011 | Author: Edmar Roberto Prandini
A notícia, há poucos dias, de que o ex-presidente Lula está doente, diagnosticado com um câncer de laringe, já tendo iniciado a quimioterapia com mais de 95% de chances de cura, causou, na internet e nas redes sociais, especialmente no Facebook e no Twitter, uma verdadeira comoção.

Obviamente, um presidente que deixou o comando do governo com altíssima popularidade, com taxas de aprovação superiores a 80%, deveria receber a manifestação espontânea de carinho da população, que reconheceu a da seriedade do seu governo e do seu empenho em desenvolver políticas que aumentassem o bem estar da população, especialmente dos pobres, para quem se dirigiram as políticas sociais implantadas.

Mas, a população foi capaz, além disso, de identificar em Lula, mais do que o político comprometido com os interesses nacionais e com a justiça social, um homem cuja dignidade se tornou um fator de distinção quando comparado à maioria daqueles que compõem as classes dirigentes do país, não só políticas, mas também econômicas.

Com efeito, as pessoas reconhecem em Lula os méritos do homem simples, que saindo de condições de extrema pobreza, conseguiu, apesar das agruras da vida, organizar sua família, zelar por ela, reunir amigos, amadurecer sua consciência política, tornar-se líder sindical e político e galgar o mais alto posto político da nação. As pessoas reconhecem a extrema inteligência desse homem que precisou desde cedo dialogar com pessoas portadoras dos mais altos títulos de escolarização sem sentir-se em momento algum condenado à inferioridade, sem contudo perder jamais a humildade nem pretender fingir ser o que não era. As pessoas reconhecem a extrema capacidade de promover o diálogo e buscar o entendimento mesmo em situações onde a transigência e as divergências pareciam intransponíveis.

Mais ainda, as pessoas reconhecem em Lula o carinho, o afeto, o cuidado e o respeito para com o próximo, para com o povo, independentemente de sua condição social. As pessoas aprenderam amar em Lula exatamente a sua capacidade de revelar o amor pelo próximo e pela vida.

Como poderia deixar de ser, se tantos foram os momentos em que o presidente Lula importou-se em, sem prejuízo de seus afazeres políticos e compromissos oficiais, dirigir-se aos hospitais para visitar pessoas de sua convivência transmitindo-lhes alegria e o conforto de quem insiste em oferecer a esperança? Lula revelou sempre, nestas ocasiões, o valor da sensibilidade humana, como seu viu em suas tantas visitas ao ex-vice-presidente José Alencar, por exemplo.

Lula ensinou nestas ocasiões todas que a doença, no caso o câncer, se enfrenta com a presença solidária, com a atenção, com o carinho e o ombro amigo. As mesmas atitudes que as pessoas esperam de quem lhes são próximas, de quem amam. E, por isso, Lula, mais do que respeitado pela população por seus feitos políticos, tornou-se amado pelo povo.

Mas, qual foi a reação que tiveram os que nutriram a oposição política e que arregimentaram forças para manter os espaços ideológicos do neoliberalismo no país, como os expoentes da imprensa brasileira e os filiados ao DEM e PSDB?

Seu comportamento e seus pronunciamentos revelaram a tentativa de politizar a doença de Lula, aproveitando-se da circunstância para promover uma crítica velada ao funcionamento do SUS – Sistema Único de Saúde e uma tentativa de condenação do governo por supostamente não fornecer ao SUS suficiente apoio. Segundo estes oposicionistas, Lula deveria ir tratar-se na rede de serviços do SUS e, nesta leitura alucinada, não o fazia porque o SUS não ofereceria um bom tratamento às pessoas acometidas com o câncer.

A resposta a este oportunismo político dos partidos de direita e da imprensa conservadora não demorou. O Facebook e o Twitter foram invadidos pela manifestação de repulsa da população ao desrespeito para com Lula no momento de sua doença, mas também à acusação subjacente feita ao governo e ao próprio SUS. A defesa de Lula, do governo e do SUS ecoou em uma escala impressionante, revelando tanto o amor por Lula quanto a correta compreensão de que os problemas do governo tanto de Lula quanto de Dilma são de natureza típica da democracia e da disputa política enquanto os desafios que acometem o SUS são estruturais, prejudicados inclusive pelo subfaturamento para qual a oposição contribuiu quando encabeçou o fim da CPMF.

Acerca do SUS, além disso, a população sabe que sem ele ela estará completamente desguarnecida de atendimento, uma vez que os planos de saúde particulares não apenas não atendem melhor quanto ainda não atendem se o pagamento dos serviços deixar de ser feito por um dia sequer. Por outro lado, a população tem ciência de que o atendimento do SUS para os casos de câncer é tão ou mais avançado de que os atendimentos particulares.

Lula, mesmo em sua doença, por sua conduta, dá mais uma aula, agora de como enfrentar o câncer e de como enfrentar uma oposição cancerosa.


(Unipress)

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